Preparação para Concursos e Atividade Física

Vamos começar este texto com uma colocação sincera. Todos nós sabemos a importância da atividade física na nossa vida, em relação a uma séria de aspectos e por uma pluralidade de motivos.

Assim, como não tenho e nunca tive a intenção de escrever sobre obviedades empíricas e achismos intuitivos relacionados à preparação para concursos públicos, inclusive em respeito ao seu precioso tempo, jamais havia imaginado redigir um texto sobre a atividade física e a preparação para concursos.

Porém, recentemente estudei um artigo científico, tratando de relevantes e reveladoras pesquisas sobre as repercussões da atividade física nos processos cognitivos, o que me despertou e mobilizou para quebrar a promessa que havia feito, o que justifica o presente texto. Neste sentido, registro desde logo que, naturalmente, não pretendo aqui repetir aquilo que você já sabe, de modo que a intenção e trazer fundamentos que sejam levados em consideração para que se encare de outra forma a importância da atividade física no seu processo de busca da aprovação no concurso público.

O que pretendo sustentar e destacar, portanto, é que a realização de atividades físicas no processo de preparação para o concurso é fundamental, inclusive quanto aos aspectos intelectuais e cognitivos. Ou seja, não se trata apenas de uma questão de combater o stress e garantir  condições de bem estar e saúde.

Neste sentido, um primeiro fundamento relevante a ser destacado, e que independe das pesquisas mencionadas, é que no estudo das teorias da aprendizagem, já há muito tempo, existe uma preocupação com a relação entre a cognição e a psicomotricidade. Um dos mais emblemáticos representantes desta concepção foi Henry Wallon, o qual, contando com formação originariamente na área médica, dedicou-se ao estudo da psicomotricidade e do desenvolvimento cognitivo.

Sem a pretensão de aprofundar nestas teorias, o fato é que o domínio de movimentos físicos, inclusive de forma coordenada, se relaciona e contribui com o avanço de nossas capacidades intelectuais. Esta premissa, por si só, fundada em anos de pesquisas e construções científicas, já seria suficiente para que o candidato a concursos públicos se convença de que a realização da atividade física não consiste apenas numa questão de saúde, mas também numa questão intelectual, que pode repercutir nos resultados das provas.

Mas não bastasse a referida compreensão, recentemente algumas pesquisas  demonstraram que a atividade física é importante inclusive por uma questão neurofisiológica. Esta repercussão fisiológica decorre principalmente do processo de fluxo sanguíneo e oxigenação. Uma das áreas beneficiadas por esta dinâmica é o hipocampo, o qual conta com um papel de grande relevância na aprendizagem, principalmente para a formação de memórias de curto prazo.

Conforme texto publicado recentemente na Revista Mente&Cérebro, “pesquisas com animais indicam que principalmente no hipocampo, que funciona como uma central da aprendizagem e memória, é a área que mais tira proveito da melhor circulação sanguínea no cérebro…”. (Ano XVII, No. 211, p. 39).

Portanto, a relevância da atividade física na preparação para concursos públicos conta com repercussões diretas no processo de apropriação e manutenção intelectual dos conhecimentos e informações a serem estudados pelo candidato.

Durante o meu processo de preparação para o concurso público, entre um turno de estudos e outro, realizava atividades físicas, inclusive de forma terapêutica. Isto gerava um custo, em termos de comprometimento de tempo, de modo que “perdia” no total cerca de 2 horas, considerando o deslocamento até a academia, a atividade física (incluindo o tempo para o alongamento), higiene pós atividade física, alimentação e retorno ao local de estudo. Saliento que não adianta se iludir, computando apenas o tempo gasto efetivamente com a atividade física, pois a logística de deslocamento gera um custo de tempo, o qual não pode ser ignorado.

Mas o fato é que, diante da percepção de que o custo de tempo era elevado, fiz um teste no sentido de excluir a atividade física da minha rotina durante alguns dias da semana. Resultado: na lógica do custo-benefício, o saldo foi negativo! Ou seja, não tenho dúvida em afirmar que, principalmente quanto à concentração e cognição nos estudos, a perda foi maior que o ganho.

E um detalhe é que na época não contava com os fundamentos que hoje disponho e a compreensão científica do processo de preparação para o concurso público que conto atualmente. Ou seja, esta percepção havia sido construída apenas de forma empírica.

Assim, a conclusão que se impõe é de que, se ainda não incorporou a atividade física à sua rotina de candidato, saiba que existem fundamentos que vão além do bem estar para a adoção desta postura. Se já incorporou, tenha a tranqüilidade de que está no caminho certo.

Bons estudos e boa atividade física!

FONTE: Site Tuctor.com